quarta-feira, 28 de novembro de 2012

RENACERÉ! RENACERÉ! RENACERÉ!


"Silêncio"  - Montserrat Gudiol

“Não lhe peço nada
Mas se acaso você perguntar
Por você não há o que eu não faça
Guardo inteira em mim
A casa que mandei um dia pelos ares
E a reconstruo em todos os detalhes
Intactos e implacáveis.”

(Adriana Calcanhoto – Pelos Ares)


[Para ler ao som de Yann Tiersen – “L’Absente” (O Ausente)]


- Viajei dez mil quilômetros, numa odisseia de mais de vinte e quatro horas para estar aqui, no mesmo lugar onde encontrei você pela primeira vez, há mais de dez anos atrás. Aqui vivemos nossas primeiras horas juntos. Foi mágico, não foi? Era primavera. A primavera aqui é tão bonita. Tudo tão colorido, tão leve, tão claro. Dá vontade de viver e de amar loucamente. Foi nessa ânsia de sentir tudo ao mesmo tempo que nos encontramos. Éramos dois solitários querendo amar como se só nos restasse isso. E talvez amar fosse mesmo tudo o que tínhamos. Estávamos subitamente maravilhados, tomados de assalto pelo presente que a vida nos oferecia. E tínhamos a nítida certeza que não poderíamos desperdiçar esse momento em hipótese alguma. Desvendei você como se despetalasse vagarosamente uma flor, até chegar ao miolo, onde ficava escondido o néctar saboroso cobiçado por abelhas e beija-flores. E me deixei ser desbravada por você. Pelo menos até onde eu conseguia. E até onde você podia alcançar, porque se chegasse muito perto meus espinhos feririam sua pele. Essa sempre foi minha natureza e até hoje sou assim, infelizmente. Tento podar meus espinhos, mas eles nascem novamente em outros lugares. Como todos os espinhos, os meus são instrumentos de proteção contra predadores. Mas afastam quase todas as pessoas, principalmente as que não são predadoras, e resultam numa solidão quase sem fim. Nosso encontro sob a luz da primavera, cercados por suas cores, seus sabores e seus aromas, foi lindo. Foi piegas e clichê também, como todo encontro amoroso apaixonado nesta cidade. Éramos tão jovens e tão puros! Éramos tão bonitos! E tínhamos um mundo inteiro para conquistar. Eu não tinha cabelos brancos, você não tinha rugas. Meu ventre não era este deserto infértil, você ainda era viril como um touro. Eu não fumava, você não bebia. Não tínhamos cicatrizes dos nossos desastres implacáveis. Eu queria descobrir seu mundo, não importava se você fosse diplomata, malabarista de circo ou vendedor de automóveis, queria entrar em você até o mais profundo e descobrir quem realmente você era. E queria trazer você para dentro de mim, para o mais longínquo e desconhecido das minhas entranhas, para conseguir descobrir quem eu realmente era. Sim, era tesão o que sentíamos. Mas o meu era um tesão romantizado, porque eu era “moça fina de família tradicional”, metida a quatrocentona, sem um tostão no banco, mas com muita pose, e estava saindo pela primeira vez de casa para conhecer o mundo real sozinha e voar com minhas próprias asas. A mim era proibido sentir prazer pagão. A alguém como eu, “moça de boa família”, de moral irretocável, com educação talhada em internato de freiras, só era permitido exercitar um tipo de amor: o cristão, folhetinesco e vitoriano. E você me ensinou a ser dona do meu corpo, da minha vida e das minhas vontades. E ensinou-me a entregar-me a quem eu quisesse, com ou sem amor. Nossas primeiras horas mágicas viraram dias, que viraram semanas, depois meses e anos que no fim deram em nada além de dor e ausência. Porque sei que todo carnaval tem seu fim. Já não importa mais. Você, tão espiritualizado, depois de usar todas as drogas resolveu encontrar Buda, Krishna, Alá ou Jesus, nem sei mais. Você, que acreditava piamente nos ciclos da vida, sabe que isto é parte da “grande roda”, não é mesmo? Por isso fui embora. Por isso comecei agora um novo ciclo. Ou termino aqui, neste momento, um longo e infértil tempo. Porque desamor cansa, sabe. Não que eu esperasse que você me oferecesse algo que não era seu para satisfazer meus desejos, às vezes meio infantis e caprichosos, porque eu era uma mulher que estava me descobrindo como tal e sendo construída por você, com o seu amor e com o seu desejo por mim, e era natural que eu me perdesse um pouco com a excitação do descobrimento. Você sempre dizia que “ninguém dá o que não tem” e um monte de baboseiras espiritualmente elevadas que você lia naqueles livros que comprávamos nos sebos das feiras de pulgas, nos infindáveis domingos ensolarados e sem volta que tivemos. Eu não sei se vim até aqui, depois de atravessar um oceano por você, para dizer que não lhe quero mais e que talvez nunca tivesse lhe desejado de verdade, e sim desejado uma ilusão, uma ideia que criei, porque tenho mais de quarenta anos, porque queria viver um amor de verdade, porque queria sentir-me cotidiana, viva, intensa, comum e especial ao mesmo tempo, por ser capaz de ser amada e principalmente por ser capaz de amar. Mas não. Não sei se sou capaz de amar você ou qualquer outra pessoa. Tampouco sei se fui amada por você de verdade. Talvez fôssemos somente o egoísmo e a soberba de nos sentirmos especiais e únicos pelos vínculos que tínhamos (ou achávamos que tínhamos). Contudo, mesmo carregando essas amarguras cravejadas de incertezas e emolduradas por mágoas nunca reveladas, eu venho em aqui em missão de paz e reconciliação. Queria sentar-me à mesma mesa, tanto tempo depois, reviver o passado, revisitar nossa história e dizer que foi boa, que foi bonita. E que acabou. Ou então, revisitando minha própria vida, certificar-me se existe algum brilho do meu olhar perdido entre os farelos de pão sobre a toalha branca ou nas minúsculas gotículas do xerez no cálice vazio que ergo em contraluz pela haste e giro entre o polegar e o indicador.

Perdi-me em pensamentos e projeções olhando as gotículas do vinho escorrendo espesso pela borda do cálice. Como se saída de um transe, ergui os olhos na direção da cadeira vazia em minha frente. Tamborilei irrefletidamente os dedos na carteira de cigarros de filtro vermelho. Abri a carteira, peguei um cigarro e fiquei fazendo malabarismos com ele entre os dedos. Suspirei e hesitei em acendê-lo. Alisei as dobras da toalha de linho sobre a mesa. Minhas mãos ásperas contra o tecido fizeram um barulho que lembra o leve assovio que ele dava enquanto fazia coisas que o deixavam feliz, como preparar a sobremesa de chocolate que eu gostava ou lavar a louça do jantar enquanto eu bebia café deitada no sofá. Seria o sexto cigarro em talvez uma hora ou duas, talvez quatro ou cinco, nem sabia ao certo há quanto tempo estava sentada sozinha naquele mesmo lugar, imaginando tudo o que eu queria dizer a ele quando o encontrasse realmente. Acendi o cigarro sem querer fumá-lo. Olhei a hora. Já era tarde e logo a noite chegaria. Mesmo em dias mais longos de primavera, ainda anoitecia cedo. Eu ainda tinha que atravessar o rio e ir ao encontro que tinha programado.

O caminho até meu destino foi repleto de lembranças - boas e ruins - de tudo que vivemos. As praças onde estendíamos nossa toalha e passávamos as tardes de domingo, entre vinhos, frutas, pães e livros, os cinemas que frequentávamos nas tardes de sábado, os cafés de mesas nas calçadas que frequentávamos nas noites quentes de verão, os restaurantes onde nos encolhíamos nas madrugadas frias de inverno para nos aquecermos com caldos quentes. Até as ruas seculares de calçamento irregular onde volta e meia eu prendia o salto do sapato, perdia o equilíbrio e era docemente amparada por seus braços fortes, num abraço quente e confortante.

Finalmente cheguei em frente ao grande portão negro em estilo neoclássico, ornado com arabescos nas duas pesadas folhas e em cujo pórtico de bronze havia uma frase em latim que não compreendi. A entrada era guardada em ambos os lados por esculturas de gárgulas, pousadas sobre grossas colunas dóricas. A construção era imponente, embora decadente e de gosto duvidoso. Opulentas colunas jônicas de mármore de Carrara erguiam-se ao longo do terreno, cercando todo o imenso jardim frontal, ornamentado com uma infinidade de plantas tropicais, túneis de heras, passeios cuidadosamente calçados com pedras portuguesas em formas geométricas, fontes e esculturas de deusas gregas. Vi uma meia dúzia de Afrodites. Que lugar inusitado para se colocar tantas imagens da deusa do amor e do êxtase sexual! Quantas vezes ele e eu passamos juntos por este portão sem nunca repararmos nos detalhes? Quantas vezes nos roçamos sem querer nas folhagens que cobrem os muros, enquanto nos beijávamos na calçada? Quantas conversas descompromissadas ou juras de amor fizemos em frente às Afrodites, sem percebermos que elas nos espreitavam sorrateiramente? Saudades dos cheiros e das sensações amorosas daquela época que não existe mais. Respirei fundo e adentrei o jardim. Caminhei por alguns minutos pelos estreitos passeios até chegar ao meu destino final.

- Achei que seria gentil da minha parte lhe trazer umas flores. Sei que você gosta dessas delicadezas. Passei numa floricultura de esquina e comprei estas gardênias brancas, que são sutilmente perfumadas. Vou colocá-las neste vaso de porcelana. Sabe o que significam gardênias? O senhor da floricultura, ucraniano pelo sotaque, falou que significam “agradecimento”. Não entendi direito o que mais ele disse, mas somente saber que tem esse significado já foi suficiente para mim. Porque vim até aqui, atravessei o oceano, para estar aqui e te agradecer, depois de tanto tempo. Eu estava remexendo em velhas arcas de memórias empoeiradas e dolorosas e encontrei um pedaço de papel amarelado entre as páginas de um livro com a seguinte frase: “De tudo que vem de você, permanece em mim uma vontade de sorrir” *. Essa frase era uma dedicatória em um livro de J.D. Salinger que nunca li. Não comprei o livro, claro, mas anotei a dedicatória e coloquei o papel no meio de um livro da Jane Austen que você me presenteou, sem dedicatória alguma, embora eu tenha entendido posteriormente que a maior dedicatória que você poderia ter me oferecido era justamente me apresentar a Austen. Foi essa frase que me motivou a vir aqui hoje. Nosso último encontro foi de muito sofrimento e eu não quero perder a vontade de sorrir que vem de você e que me fez ser tão mais humana depois que nossos caminhos se cruzaram. Porém, o ciclo precisa ser encerrado. Fechei a porta para curar minhas feridas. Fechei-me em meu casulo para renascer. Por isso voltei somente agora. Você está tão bonito nesta foto. Talvez porque eu não via nenhuma foto sua há anos e talvez estivesse esquecendo os detalhes do seu rosto. Eu não queria ficar com as lembranças embaçadas, por isso queimei todas as fotos e objetos que lembravam você, por isso fui embora e deixei para trás nossa casa com toda nossa história, como se fosse um sarcófago. Não queria reminiscências. Parece mórbido achar bonitas fotos de lápides, mas você está bonito na foto. Minha última recordação sua foi a do seu corpo sem vida naquele caixão de carvalho e tudo que queria era que você acordasse e dissesse que ainda me amava como eu amava você. Mas não era possível. Por isso estou aqui agora, porque quero deixar estas flores em sinal de agradecimento a você. Queria poder beijar sua testa, como fazia antes de dormirmos, e dizer que você me fez uma pessoa melhor. Porque quando lhe conheci eu renasci, quando você se foi, eu morri com você e neste momento eu preciso renascer novamente. E renascerei, quantas vezes for necessário. Agora preciso ir, preciso pegar a última balsa e voltar para minha vida do outro lado do rio, do outro lado do mundo. Ou para o que sobrou dela. Ou para o que poderá ser ela a partir de agora que me despeço para sempre, trazendo você, finalmente renascido, junto comigo.  





* Sylvio Massa de Campos. Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/ps-eu-te-amo-6826279#ixzz2DREQv7Rp © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

QUEM NUNCA?


Desperation - Antonina

“Esquecer o tempo
O céu
O sol
Um som
A pessoa
Um lugar.
Agora me diz o que faz você feliz!"

(Arnaldo Antunes)

Quem nunca sofreu de autocomiseração histérica, parado em frente à vitrine de uma confeitaria, vendo toda sorte de guloseimas irresistíveis e proibitivas e deixou de entrar, se sentindo absolutamente miserável porque antes de sair de casa percebeu que todas as roupas deixaram de servir? Quem nunca desejou sumir para sempre quando, no fim da noite, depois de ter passado horas de preparativos, numa superprodução digna de abalar estruturas, viu que nem com muita determinação e boa vontade sairia do “zero a zero” e que as únicas estruturas abaladas eram as suas próprias? Quem nunca se boicotou e se tornou seu pior algoz quando não se julgava merecedor de qualquer agrado da vida porque existiam coisas ainda mal resolvidas? Quem nunca quis fugir de tudo (principalmente de si mesmo) e correr das sessões de incursões solitárias de autodescoberta para as excursões etílicas em grupos pelos botecos quando olhou no abismo escuro interior e não viu nenhuma luz? Quem nunca desejou abandonar todos os planos e começar do zero porque o namorado não era o ideal, porque o emprego não era o ideal, porque o cabelo não era ideal, porque o corpo não era o ideal ou porque não adiantava querer aprender a cozinhar ou dirigir?

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”. É, pode até ser meio Guevara. Porém, pode ser menos pop, sem precisar estampar em camisetas vermelhas de algodão vagabundo uma ideologia distante e desconhecida. A impressão que tenho, “de tanto levar frechada”, é que na dor que crescemos mais. Mas com amor é muito melhor. Não acredito que consigamos ver progressos pessoais somente com amor, entretanto. Não, não é uma teoria masoquista. E não que eu goste de dor (minha e alheia). Pelo contrário, a vida podia se cor-de-rosa e fofinha que eu ia achar bem bom. Mas de fato, quando sofremos como cães é que a vemos a vida mais crua e nua. Meus olhos são bondosos, mas minha mente é bem madrasta comigo. O inferno não são necessariamente os outros. A realidade talvez seja mais cinza do que eu via aos seis anos de idade.

Pensando bem, não, não é verdade. Acho que quando eu tinha seis anos era pior que hoje. Pelo menos hoje tenho condições de alcançar as prateleiras mais altas da geladeira e preparar sozinho meu cereal matinal com leite. Melhor: não preciso mais beber leite, tampouco comer cereal, porque passei (há tempos) da idade de não poder usar o fogão e não há ninguém no mundo que me demova do sagrado desejo matinal de ovos mexidos, bacon e café preto no meu petit dejeuner.

Admitir-se dependente da bondade de estranhos soa melhor na boca de Blanche Dubois. Ser capaz de me autogerir, mesmo errando o tempo todo, é libertador. Só que é uma espécie de prisão também. Porque não posso pedir ajuda sempre, uma vez que nem sempre tem alguém ao lado, não posso ser negligente e passar incólume porque sempre há uma espécie de cobrança velada. Sou completamente autossuficiente, afinal. A bem-aventurança da ignorância é jaz. Como sou rotulado de independente, então as pessoas não estão disponíveis porque pressupõem que eu não preciso de ajuda alguma. O que também não é verdade. Quero colo e quero fugir de casa, às vezes, mesmo morando sozinho.

Tem horas que a gente exaure. E diz “chega, né?!” para tudo, não tira o pijama de manhã e passa o dia em silêncio, arrastando chinelos pela casa, bem Gal, esperando que a “nuvem negra” passe, largue o dia e leve o mal que o arrasou. Por mais madrasta que a vida seja às vezes, o que ela quer de nós é que sejamos generosos. Com os outros e conosco. E não digo isso com nenhuma espécie de sentimento religioso. Nada disso. É a mais pura generosidade pagã. É bom ser generoso, acredite. Porque nos livramos de algo que talvez não seja assim tão importante para nós e que pode ser fundamental para a outra pessoa.  E se somos generosos com os outros, acabamos sendo conosco também. E dizer “BASTA!”, assim mesmo com letras garrafais, para coisas que nos subtraem, que nos tornam menores, piores, é a atitude mais generosas que podemos ter em relação a nós próprios.

Quando penso em generosidade, e principalmente se minhas atitudes são assim classificáveis, sempre sofro de dúvida atroz. Não sei até que ponto estou sendo realmente generoso ou apenas covarde, egoísta, maníaco obsessivo, que é um grande risco que corro. Mas como uma pessoa pode querer (ou parecer) generosa e ser egoísta? Explico. Se oferecemos a alguém o que temos - supostamente - de melhor e esperamos que ela seja muito mais que aquilo que é e muito mais que aquilo que pode vir a ser, não estamos realmente sendo generosos com ela. Agimos esperando um resultado, almejando um objetivo. E nosso objetivo provavelmente é ter do outro aquilo que NÓS desejamos egoisticamente. Da mesma forma podemos ser covardes ao invés de generosos: Amamos o máximo que podemos, ofertamos o que temos que mais nobre e raro, porque alimentamos o amor com medo de ficarmos sozinhos e perdermos aquilo que julgamos tão imprescindível.

Indo um pouco adiante, assumo que sou um grande entusiasta do ócio lúdico e produtivo. E acredito que ele pode ser também uma atitude de generosidade. O comodismo é irresistível quando tudo está bem. E para que lutar contra ele? Prova disso é que fico preguiçoso até mesmo para escrever. Eu vivo simplesmente. E deixo a vida me afagar com fugazes momentos de felicidade. E exagero na generosidade comigo mesmo porque sou notoriamente desmedido. Se estou feliz, acho que sou mais generoso com os demais também. E se está tudo bem lá em casa eu não faço mais nada na vida além de viver simplesmente, meio gauche, o mais próximo possível da minha natureza mais íntima. Esse lance de uma cabana, uma rede e um amor funciona super bem comigo, mesmo sem um amor, sem rede e sem cabana. Mas se a ideia é ser generoso, tento acertar o que poderá fazer as pessoas felizes e o que me fará feliz. E aqui e agora, neste exato momento, entrego a quem quiser estes meus pensamentos fragmentados e palavras soltas... Foi!

Imagem cedida por Leonardo Cassimiro. Arquivo pessoal