Rafael Perez
"Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica de mim é cada vez mais essencial e verdadeiro."
(Caio Fernando Abreu)
A cada dia a vida me surpreende de uma forma diferente. São nuances, sutilezas, delicadezas quase imperceptíveis, em meio a asperezas e brutalidade. Em vários momentos, imerso em sofrimento, já pensei nos desígnios de Deus para mim e nos desafios que o destino me reserva. Às vezes a vida se torna pesada, dolorosa e não consigo ver saídas possíveis. Mas sempre é possível recomeçar por outro caminho. Tateando no escuro, quando menos espero, acho uma luz. E essa luz me guia até a porta. De alguma forma inexplicável (ou nem tanto) sou levado até essa chama. E tenho encontrado pelo caminho chamas tão fortes, tão intensas! Às vezes parece um tapa na cara, quando penso que não vai dar certo e não vou encontrar um rumo, a vida vem e diz “hey, acorda, a resposta está na tua cara!”
Acredito, sinceramente, no destino. Não é totalmente ao acaso que sou colocado (ou me coloco?) em determinadas situações, que chego a determinados lugares, que entro na vida de algumas pessoas e, principalmente, que recebo em minha vida determinadas pessoas. Tenho esses sentimentos em relação a quase todas as situações. Não sou muito crédulo no poder do “acaso”. Cultivo com carinho essas chamas que foram colocadas no meu caminho. Porque sei que podem ser doces companheiras de jornada, ao longo de uma vida inteira ou por apenas um dia.
Isso me lembra uma história que ouvi esses dias, de uma dessas pessoas especiais que quero levar para sempre vida afora, que era uma confissão linda sobre um desses encontros de almas. Essa pessoa contava sobre uma moça que conheceu, em uma viagem. Ambos viviam, coincidentemente, na mesma cidade. Durante a viagem foram companheiros inseparáveis. A viagem acabou, cada um tomou seu rumo, continuaram vivendo na mesma cidade, porém não se cruzaram mais pelas esquinas da vida. Mas a história que tiveram nessa viagem deixou marcas indeléveis em seus corações, laços profundos de amor e amizade. Fiquei comovido com o relato, principalmente porque veio de uma pessoa encantadoramente sensível. E isso me fez pensar que o que faz a vida valer a pena são esses fugazes momentos de felicidade, é poder partilhar com outro ser humano sentimentos puros e verdadeiros. Pelo tempo que for. Porque nunca é muito ou pouco, o tempo é sempre o exato necessário.
Vejo o destino como uma folha em branco. Ao longo da jornada a gente adquire alguns lápis pastéis coloridos, algumas tintas. Podemos desenhar o que quisermos. Alguns desenhos não dão certo e tentamos apagá-los, mas o papel fica sempre marcado. Então pintamos algo por cima, mudando as formas, pressionando mais o lápis num canto, “hachurando” em outro, damos pinceladas aleatórias, até que o desenho faça sentido.
Meus desenhos normalmente são abstratos. Mas sempre tem algum traço com o qual posso conferir forma definida, tentando transformar meu desenho em algo real e vivo. Sonho em fazer os desenhos saírem do papel. E lembro de uma propaganda antiga da Faber Castel, com a música Aquarela, do Toquinho. Quero que meus desenhos dancem no ar. Quero que tenham emoção e façam as pessoas felizes. Como algumas me fazem.
Ah o destino...Muitas vezes questionado, outras pouco aceito mas, com certeza ninguém passa pela vida do outro sem um propósito único e especial e a vida é assim...Feita de momentos que deixam marcas nestas páginas me branco que ganhamos a cada dia. Lindo demais meu amigo!
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